Capítulo 14 - Fardos da Adolescência

   Alguns anos se passaram desde que nos mudamos de cidade. Falta pouco para terminar o ensino médio. Agora eu chamo os tios de pai e mãe, eles foram tão bons para mim esse tempo todo. Acho que não sou mais a menina moleque que costumava ser... Mas não quer dizer que minha personalidade tenha se enfraquecido. Descobri que gosto de pintar na varanda.

   Também estou comprometida com causas nobres. Aqui em San Myshuno há uma elite rica muito poderosa que quer dominar os menos afortunados.

      - Fora o aumento da comida! Esses ricos não mandam em San Myshuno!

   Essa é uma de minhas amigas, a Yuki. Nós gostamos de visitar o museu de artes. Mas dessa vez houve um pequeno desentendimento.

   Estávamos vendo um quadro de um pintor que veio do gueto, e um riquinho mimado começou a criticá-lo:

      - Como podem colocar um pintor que não tem status? - Comentou ele - É por isso que o Museu cai de qualidade todo dia. 

   Eu não aguentei, quando tocam no que eu defendo eu posso incomodar muito!

      - Você não sabe de arte - Respondi - É por isso que San Myshuno está regredindo, vocês querem dominar tudo! Está com inveja porque não tem talento como ele!

      - Só faltava essa, agora o Museu também é frequentado por gente desse tipo... - Rebateu o riquinho.

   Eu juro que fiquei com raiva a tarde toda, até quando estava assistindo um filme com meus pais, fiquei só falando sobre isso. Mas eles estavam entretidos com eles mesmos... Ótimo! Será que alguém vai me dar ouvidos? Espera, tem sapos nesse filme?

   Mas quando fui por o lixo para fora essa noite, conheci um garoto, o Magno. Ele se mudou faz pouco tempo com o amigo e deixou um bilhete muito fofo no mural. Magno disse que é um artista e ganha a vida como estátua nas ruas. Isso que é bom, conhecer gente maneira que se esforça para vencer na vida. 

   Depois ele entrou lá em casa e acho que meu pai não gostou muito dele, talvez porque estavam vestindo pijamas ainda... Vai saber!